“O potencial tecnológico da Indústria 4.0 é quase ilimitado”

Do Valor Econômico – Conteúdo de Marcas – 23.04.2019

Com informações do Impacting the Future

Em visita ao Brasil para o evento Deloitte Industry Transformation Cycle (ITC), que ocorreu no final de março, Tim Hanley comentou sobre o tema Indústria 4.0 e compartilhou suas visões sobre os desafios e benefícios dessa nova revolução industrial.

Impacting the Future | Quais são os desafios das organizações para se alinhar aos princípios da Indústria 4.0?

Tim Hanley | São vários os desafios. Um deles é que o mundo está mudando muito rápido. A parte boa é que essas mudanças são também oportunidades. As empresas estão percebendo que têm uma chance única de mudar o que oferecem e repensar como atendem seus clientes. Outro desafio é que as empresas precisam entender como trabalhar com as novas tecnologias para integrar os processos. Os líderes de negócios estão percebendo que a capacidade tecnológica que rodeia a Indústria 4.0 tem um potencial quase ilimitado. Claro que as empresas também precisam tornar esse processo ser lucrativo e vantajoso.

IF | Informação é o principal recurso para as empresas operarem na era da Indústria 4.0?

TH | Informação é um ativo gigante. Muitos a chamam de “novo ouro”. A grande diferença é que, agora, as empresas não usam as informações apenas para ajudá-las a melhorar suas linhas de produção ou entender o que os clientes querem. Elas também utilizam os dados para pensar como os produtos podem funcionar para elas.

O desafio é como monetizar essa informação e compreender como ela pode ser valiosa para os consumidores – se eles estão dispostos a pagar não apenas para adquirir o produto, mas também pela informação que ele é capaz de oferecer.

Por exemplo, algumas empresas estão focadas em vender o produto não como um objeto, mas como um serviço. Estamos evoluindo rapidamente nesse sentido.

IF | Como as empresas podem identificar essas informações valiosas e trabalhá-las adequadamente?

TH | O que tenho visto são muitas organizações trabalhando com pequenas oportunidades-piloto. Um exemplo que posso comentar: observar uma determinada parte da linha de produção e colocar sensores para medir a eficiência desse processo, com o objetivo de prever a necessidade de manutenção antes que ocorra alguma falha. Diversas empresas têm feito experiências nesse sentido, com pequenas amostras. Se dá errado, interrompem; se dá certo, pensam em expandir os testes.

IF | Esse jeito informal e ágil de testar novos processos indica que o natural é essas iniciativas partirem dos funcionários rumo aos altos escalões?

TH | Na verdade, vejo esse movimento como uma via de mão dupla. Os dirigentes devem acreditar que isso é importante e dar o tom para a empresa. Assim, criam um ambiente favorável para as ideias surgirem. Sem esse apoio vindo de cima, se os líderes não estarão comprometidos com a visão de que é assim que a empresa terá sucesso no futuro, os projetos não vingarão. É preciso um equilíbrio entre as duas pontas.

IF | Quais são os erros mais comuns das empresas que almejam realizar a transformação digital?

TH | Tenho observado alguns tipos de erros, mas errar não é, necessariamente, um problema. Falhar e identificar as falhas rapidamente pode ser algo positivo pois você aprende com elas. Mas há erros comuns, claro. Um exemplo é iniciar uma transformação digital na empresa sem aprender de fato como implementá-la. O segredo é começar pequeno, aos poucos, medir os resultados e escalar o que estiver funcionando rapidamente. Assim, o retorno é mais garantido. O que os líderes mais querem é identificar investimentos que valem a pena.

IF | Você pode dar algumas dicas, um passo a passo, para uma organização implementar as práticas da Indústria 4.0?

TH |  Claro, vou listar alguns pontos importantes:

  • Assegurar que os líderes estejam comprometidos com uma jornada de transformação digital, um processo de longo prazo;
  • Listar alguns projetos piloto e testar em pequena escala: quanto menor, mais fácil e rápido para medir os resultados e identificar o que funciona;
  • Procurar novos talentos internamente e recrutar pessoas com diferentes tipos de habilidades e interesses – por que cada um enxerga os problemas de um jeito diferente, o que facilita a solução dos mesmos.
Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *